Era uma manhã linda, e ali estava eu, indo trabalhar.
Acordar, caminhar, me sentar e ver pessoas entrando e saindo da biblioteca,
fechar tudo e ir pra casa, dormir... Esta era a minha rotina, mas naquele dia,
tudo estava prestes a mudar.
Ninguém na rua, era meu horário preferido para abrir a biblioteca e relaxar
naquele lugar com cheirinho de livros velhos, estava encaixando a chave na
porta, quando de repente um homem surge atrás de mim e diz, encostando algo nas
minhas costas - Não faça alarde, apenas abra a porta, e depois que entramos,
feche-a e tranque tudo, e assim você não vai sair ferida.
Meu coração acelerou de uma forma desesperadora... Seria uma pistola ali
tocando minha costa? Deus porque logo comigo isso tinha que acontecer?
Abri a porta lentamente, entrei com ele logo atrás de mim, fechei-a sem perder
tempo e tranquei.
Minhas mãos estavam trêmulas, definitivamente aquele estava
sendo o pior dia da minha vida. Estava muito nervosa, mal conseguia respirar de
medo, quando de repente - ahahahahaha!!! Você viu isso? Isso foi incrível! Eu
poderia atuar em filmes de ação e ganharia um oscar! hahahaha!
Tomei coragem e virei para olhar o rosto do meliante - Do que você esta rindo
e... - espera, ele não parecia ser um assaltante - O que você quer de mim?
-De você? - ele me analisou de cima abaixo, e fazendo uma careta disse - de
você eu não quero nada, valeu vovó... O negócio é o seguinte, eu só preciso
ficar escondido aqui por um tempinho e depois eu vazo e você não vai ter nenhum
problema, beleza?
-Mas o que.... Vovó? Eu tenho 32 anos, estou na flor da
idade, garoto! - ele riu forçosamente - Não brinca, é sério? Meu Deus então
porque atacou o guarda-roupa da sua avó?
-Eu não ataquei coisa nenhuma! Esse é o meu estilo e eu gosto dele, me sinto
confortável.
-Estilo? Que isso mulher, você não tem nenhum gosto pra moda. - ele sentou-se
numa poltrona ao lado dos livros bagunçados e fechou os olhos.
-Vai ficar ai assim? Você ainda não disse o que você quer! Onde esta sua arma?
Não esta pensando em usá-la, não é?
-Arma? Que arma? Não tenho nenhuma arma não, dona!
-Mas e o que eu senti na minha costa!?
-Hahaha, era o meu dedo!!! Vixe, eu sou realmente muito bom... É o seguinte,
estou fugindo de uns caras que estão querendo me dar uma lição por "não
cobiçar a mulher do próximo quando o próximo estiver próximo" sabe qual é
né?! Então... Eu não tenho tempo pra discutir com esses caras, então encontrei
você e por acaso nos demos bem, você me deixou entrar e estamos aqui! Agora
relaxa essa bunda, pega um livro, eu sei la! Daqui um tempo um vou embora e
você vai até sentir a minha falta.
-Como é que é? Você me obrigou a te deixar entrar me
assustando daquela forma! Sabe o que eu vou fazer se você não sair daqui agora?
Eu vou chamar a polícia!
-Ah, você não faria isso... - ele parecia muito relaxado.
-Ah eu faria sim! - peguei o celular e ameacei digitar alguns números e - Eu
não acredito em você - ele disse. Disquei o número e liguei - Alô, é da
polícia? Tem um meliante aqui na biblioteca San Reis usando drogas e me trancou
no banheiro! Por favor venha rápido! - desliguei.
-Usando drogas? O que? Minha senhora, você ficou doida?
Aaaah eu tô ferrado! - Ele foi rapidamente até a porta para ir embora e - Esta
trancada, lembra? Você me pediu pra fazer isso. - falei com um sorriso ironico.
-Abre essa porta agora! - ele gritou - Não, Agora você vai esperar a polícia! -
ele me olhou com raiva e começou a andar até mim, e quando segurou nos meus
braços, alguém bateu na porta - Abra, é a polícia!
O garoto fez uma careta e me soltou como quem sabe que agora não tem como
fugir, fui até a porta e destranquei-a - Bom dia senhor policial, o meliante
era aquele ali.
-Mas a senhora não estava presa no banh.. - o policial olhou para o rapaz e
disse - Leo... Você de novo?
O rapaz abaixou a cabeça e saiu andando com um ar de decepcionado e raivoso e o
policial o acompanhou - Desculpe dona, ele não perturbará mais a senhora, com
licença. - os dois entraram na viatura e seguiram.